QUARTETO LACERDA

[ Quarteto Lacerda com Joseph Haydn no CCB, 27 fev. 2012 ]




Diário Câmara Clara, RTP2, 14-03-2012

[ Quarteto Lacerda com Joseph Haydn no CCB, 27 fev. 2012 ]


Não generalizando, o público que assiste a concertos de música clássica é muito temperamental: o menor som da máquina fotográfica ou o mais breve comentário com o parceiro do lado é merecedor de um olhar reprovador ou de um “shiu” mais nervoso.
Esta atitude no público contrasta com a atitude que se vive no palco: quatro músicos sentados em semicírculo que tocam Josef Haydn com a atitude descontraída e bem disposta de quem se juntou por acaso com um grupo de amigos para tocar.
Não se confunda a descontracção dos músicos com a falta de respeito pela obra de Haydn. Essa é tratada de forma exemplar pelo Quarteto Lacerda.
Alexander Stewart e Marcos Lázaro no violino, Paul Wakabayashi na viola e Luís André Ferreira no violoncelo tocam “Quarteto de cordas op.20 n.º 5 em Fá menor “e “Quarteto de cordas op.20 n.º 6 em Lá maior” com todo o respeito que “Papá Haydn” merece.
E não se estranhe o subtítulo: “Papá Haydn” foi fruto de profundo afecto e respeito que os músicos tinham pelo compositor. Os seus quartetos de cordas e as suas sinfonias foram de tal importância que lhe valeu os títulos de “Pai da Sinfonia” e “Pai do Quarteto de Cordas”.
Os quartetos aqui tocados foram escritos em 1772: época onde a liberdade, o individualismo e o retorno à natureza começavam a emergir e que nestes quartetos se revelam através da igualdade atribuída aos quatro instrumentos, das inovações formais e expressivas.
E se dúvidas houvesse que o Quarteto Lacerda deu um belíssimo concerto oiça-se a ovação do público no final: aqui o barulho já não é incómodo, é elogio.

João Pimenta

[ Concertos da tourné pela China em 2011 ]


Em 28 de Julho de 2011, um dos mais importantes quartetos de cordas, o Quarteto Lacerda, percorreu a distância entre a China e a remota província ocidental de Qinghai. Foram aí convidados para actuar na cerimónia de abertura do Festival Nacional de Cultura de Qiadam. Superaram a adaptação de altitude para interpretar o primeiro andamento do Quarteto de cordas nº 3 em Sol maior, K.156 W.A. de Mozart perante um público fascinado. “Nihao Qinghai!” os músicos do Quarteto Lacerda dirigiram a uma audiência de mais de mil espectadores, tinham especialmente estudado antes de entrar no palco – criando uma atmosfera calorosa e acolhedora.
Durante a sua tourné pela China o Quarteto Lacerda actuou em Shanghai, Yangzhou, Qingdao, Guangzhou e Qinghai de 20 a 30 de Julho de 2001. Interpretaram não só as maravilhosas obras para Quarteto de cordas de Mozart e de Haydn, mas também os Sete Velhos Corais Portugueses.
O Quarteto Lacerda foi fundado em 1990, a sua experiência, paixão e o mais puro estilo da técnica, deixou uma impressão profunda no público. Shanghai foi o ponto de partida da tourné e a primeira paragem dos quatro músicos na China, as emoções estavam ao rubro e o Quarteto desempenhou um excelente concerto para uma casa preenchida a 85%.
O entusiasmo e a curiosidade do público durante toda a viagem deu aos músicos do Quarteto Lacerda uma experiência inesquecível na China. Eles esperam voltar aqui novamente num futuro próximo.

Wu Promotion

[ concerto comentado na Sala Capitular do Mosteiro de Alcobaca, 15.05.2005 ]

“O Quarteto Lacerda começou por se reafirmar como um dos mais destacados agrupamentos de câmara nacionais, oferecendo-nos uma bela bela interpretação do opus 77 de Haydn (...) O que é notável no Quarteto é não apenas a excelência técnica individual e o equilíbrio entre o seus membros, mas ter conseguido construir uma rica sonoridade de conjunto, em que a fusão harmónica e o entendimento musical, espelhado na coerência do fraseado e na simultaneidade dos ataques e respirações, se alia a uma compreensão profunda das obras. Isso esteve patente na execução do exigente Quarteto de Cordas de Luís de Freitas Branco (1911)....”

Manuel Pedro Ferreira, PÚBLICO 20.05.2005

[ concerto comentado no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, 6.1.2001 ]

[título: Para reeditar o sucesso do Quarteto Lacerda]
“Quem pensava assistir a um erudito recital de música de câmara preenchido com quartetos dos clássicos vienenses, a imagem de um grande número de crianças acompanhando os seus pais poderá ter criado dúvidas sobre o local certo. Lá dentro, outra surpresa: a sala repleta de gente. Se o objectivo era conquistar mais público e um novo público, então, pelo menos na estreia, ele estava atingido — talvez até bem demais! (...) A empatia com o público que Delgado atingiu é um ingrediente fundamental para o sucesso destes concertos."

Bernardo Mariano, Diário de Notícias 3.2.2001

[ concerto no Salão Nobre do Teatro Nacional de São Carlos, 22.6.1999 ]

"O Quarteto Lacerda, em 'Anamorphoses V" [de Isabel Soveral], trouxe em boa hora à interpretação da música moderna, as qualidades de conjunto e de sonoridade oriundas de uma sólida formação clássica."

Virgílio Melo, PÚBLICO 24.6.1999

[ concerto na Igreja Matriz da Horta, Festival MusicAtlântico 99 ]

"O concerto foi comentado com entusiasmo contagiante pelo violetista Alexandre Delgado e veio confirmar a crescente qualidade de um dos mais interessantes agrupamentos de câmara portugueses. De salientar o humor e a clareza textural na interpretação do Quarteto Op. 50 nº 5, 'O Sonho', de Haydn, inserido num programa que compreendia os quartetos de Luís de Freitas Branco e Alexandre Delgado e as deliciosas Peças em Trio de Francisco de Lacerda, estas últimas uma verdadeira revelação."

Cristina Fernandes, PÚBLICO 10.6.1999

[ concertos na Sala Polivalente do Acarte, 9 e 14.1.1999 ]

"O nacional ‘Quarteto Lacerda’, chamado à difícil tarefa de ombrear com os músicos alemães [Quarteto de cordas de Leipzig], comportou-se à altura. Oferecendo uma rica interpretação do quarteto de Moritz Eggert e defendendo entusiasticamente a partitura de Jens Thomas, os méritos de cada um dos membros e o apurado trabalho de conjunto fazem deste agrupamento uma das formações cuja carreira merece atenção."

Virgílio Melo, PÚBLICO 16.1.1999

[ Haydn ]

Haydn: 3 quartetos de cordas

Eis um disco bem concebido, bem realizado e bem apresentado!
Devemo-lo ao Quarteto Lacerda – nomeado em homenagem ao compositor e maestro açoriano, de grande carreira internacional, Francisco de lacerda (1869-1934) – à Antena 2 e ao bicentenário da morte de Joseph Haydn (1732-1809).
Papá Haydn inventou o quarteto de cordas e as suas cento e tal sinfonias são uma caixinha de surpresas. É, talvez, o mais inovador e surpreendente de todos os compositores.
A amostragem deste CD é inteligente: temos aqui o primeiro e o último dos quartetos de Haydn, mais outro da fase intermédia da maturidade. O Op. 1 Nº 1, em Si bemol maior (1757/8), em cinco andamentos, ainda soa a divertimento, com o fulcro num belíssimo Adagio ladeado por dois minuetes. Talvez tivesse preferido um tempo ligeiramente mais rápido (mais affettuoso) para o Adagio, mas o equilíbrio das sonoridades instrumentais é admirável. O segundo exemplo, o Op. 20 Nº 4, em Ré Maior (um dos chamados ‘Quartetos do Sol’, publicados em 1779) é bem mais complexo e elaborado na sua virtuosidade contrapontística, subversão de regras, quebras de simetria. O minuete (cigano) sai do salão e há incorporação de temas e ritmos de dança popular (nomeadamente húngaros), tão ao gosto de Haydn. A execução é soberba.
Finalmente no Op. 77, Nº 2, em Fá Maior (1802), sobressai o diálogo, no Andante, entre o violino (Alexander Stewart) e o violoncelo (Luís André Ferreira). Por essa altura já Beethoven compusera os seus primeiros quartetos, mas fora Haydn quem abrira e desbravara os vários caminhos.
A gravação é clara (Igreja Matriz de Fontes) e vem acompanahda de um livrete com notas pertinentes (Ivan Moody) e agradável grafismo (fotos de Joana Barros). Peca, porém, pelo reduzido espaçamento entre os vários números (e entre quartetos) e pela omissão dos tempos de duração.

Jorge Calado


[ Haydn ]

A idade maior do quarteto


Foi Joseph Haydn que deu a maioridade ao quarteto para cordas, transformando-o num lugar privilegiado de experimentação estilística e formal. Ao atribuir o mesmo grau de importância aos quatro instrumentos do conjunto, no diálogo que estabelecem entre si, ao emancipá-los do modelo (de acompanhamento) da sonata barroca, passa a ser possível estabelecer desenvolvimentos temáticos insuspeitos até então, com impacte a todos os níveis da composição musical, assim como da interpretação.
Dois séculos mais tarde, o desafio não se esbate: interpretar a obra de Joseph Haydn para quarteto é, por todos os motivos, empresa maior e o Quarteto lacerda logrou-a, no ano de 2009, quando se completavam os 200 anos da morte do compositor, ao participar no projeto da Antena 2 que repunha a integral.
Da “odisseia”, resulta agora a edição deste disco, como se fosse uma súmula, uma síntese da demanda, ao reunir três quartetos que provêm de momentos distintos do percurso criativo de Haydn: o primeiro, o Op.1, n.º1, “A caça”, publicado em 1764; o n.º2 do Op.77, o último a ser concluído, cerca de 35 anos mais tarde; e o emblemático Op.20, n.º4, proveniente do período “Sturm und drang” (”Tempestade e furor”), um dos mais interpretados e divulgados do compositor.
A gravação em disco “acusa” o conhecimento profundo da obra de Haydn atingida pelos músicos: o domínio dos contrastes do 1.º Quarteto, em Si bemol maior, do opus 1; a expressão da diversidade do Quarteto em Ré maior n.º4, do Opus 20; a perceção da maturidade que marca o derradeiro quarteto, o último a ser concluído - o Quarteto em Fá maior op.77 - 2 - da riqueza melódica, à sofisticação do desenvolvimento tonal que atravessa cada um dos andamentos. Com o Quarteto Lacerda, tudo é claro, tudo é equilíbrio, tudo indica o conhecimento, a compreensão, de cada uma das obras - o fraseado, a respiração, a justeza dos ataques.
O Quarteto Lacerda é agora constituído por Alexander Stewart e Regina Aires (primeiro e segundo violinos), Paul Wakabayashi (viola de arco) e Luís André Ferreira (violoncelo). O nome do agrupamento provém do compositor Francisco de Lacerda, o discípulo de Widor e d’Indy, que foi um dos primeiros alunos da célebre Schola Cantorum e se destacou na regência europeia do início do século XX.
Haydn fornece a matéria-prima do terceiro disco desta formação, depois de “Música portuguesa para quarteto de cordas”, de 2006, que reunia peças de Vianna da Motta, Luís de Freitas Branco e Francisco de Lacerda, e de “Maelström”/”Labirinto”, para quarteto de cordas e fita magnética, de João Pedro Oliveira. A escolha do compositor austríaco - na prática, da origem e afirmação da música para quarteto de cordas -, constitui certamente a confirmação da idade maior do Quarteto, deste Quarteto, e dos seus músicos.

Maria Augusta Gonçalves
Jornal de Letras, Artes e Ideias (Fevereiro 2012)


[ Música Portuguesa Para Quarteto De Cordas ]

Um disco indespensável para quem aprecia música portuguesa de grandes compositores.

Henrique Silveira
RDP – Seara de Sons (13 de Abril 2006)


[ Música Portuguesa Para Quarteto De Cordas ]

“...é uma edição da série Diálogos da Dargil, intitulada “ Música Portuguesa para Quarteto de Cordas....Enfim, depois dos Quartetos de cordas de Almeida Mota gravados pelo Quarteto Capela há alguns anos, há agora em disco outros portugueses que cultivaram a forma do quarteto de cordas: Viana da Mota e Freitas Branco- o solfejo de Lacerda é destinado a trio de cordas. Já por isso, grande iniciativa, a dos Lacerda. E maior ainda, pela competência artística que investem na interpretação, que nos parece particularmente logrodo no Quarteto de Freitas Branco. Outra prova disso é a forma como conseguem elevar uma música tão despretensiosa como as pequenas peças de Lacerda. No Viana da Mota, destacamos mais o Adagio: » Cena nas Montanhas«.“

Bernardo Mariano
Diário de Notícias ( 01 de Setembro 2006)


[ Música Portuguesa Para Quarteto De Cordas ]

“O repertório que este disco nos propõe não deve, de modo algum, ser ignorado:não só é fundamental para o conhecimento da música portuguesa entre 1890 e 1920, como inclui uma verdadeira obra-prima da música europeia: o quarteto de Luís de Freitas Branco, escrito em 1911, digno de figurar ao lado dos melhores exemplos do género escritos no início do século XX.O disco inclui outros dois músicos estrangeirados: Viana da Mota e Francisco de Lacerda....A interpretação do Quarteto Lacerda é normalmente segura, sugestiva e sensível;...se considere este disco um excelente serviço cultural, imprescindível ao ouvinte curioso.
Recomendado pelo Público

Manuel Pedro Ferreira
Jornal “Público”


[ Música Portuguesa Para Quarteto De Cordas ]

“Cordas bem temperadas”

“Começa bem o ano que traz um disco assim, um disco que testemunha a poderosa reanimação da música portuguesa, na viragem para o século XX. Reúne três grandes compositores-José Viana da Mota, Luís de Freitas Branco, Francisco de Lacerda-,três belíssimas obras, duas delas nunca editados em CD, e os excelentes músicos do Quarteto Lacerda....... Este CD integra ainda um pequeno e saboroso “guia” das peças interpretadas, escrito pelo compositor Alexandre Delgado, violetista do Quarteto Lacerda. E a capa reproduz uma belíssima Dança, de Paula Rego, que pode ser lida como recordação das origens e retrato das diferentes etapas de uma vida. Passe-se para a música aqui reunida e faz sentido.”

Maria Augusta Gonçalves
Jornal de Letras, Artes e Ideias (de 18 a 31 de Janeiro de 2006)